terça-feira, 30 de março de 2010

Você é quem sabe!

- Amor, tudo bem se sábado eu for jogar pelada com o pessoal lá do escritório?
- Você é quem sabe.
Aquela resposta ficou ecoando em minha cabeça:

“ - Você é quem sabe, aabe, aaabe...”
Estremeci.
Por um momento o mundo parou. Congelou.


Se você imagina que “você é quem sabe” significa que eu tenho algum poder de decisão, errou. Também não significa que eu “sei” alguma coisa.

Não.
Na verdade, “você é quem sabe” queria dizer que eu não tinha a menor idéia do que podia acontecer se resolvesse ir pro jogo.
É mais ou menos o seguinte:
- Quer ir, vai, mas vai ter troco. Ou:
- Quer ir, vai. Você é quem sabe. Mas me aguarde!

Conheci a Ângela no "Par Ideal" - um desses sites de relacionamento. Ela se descrevia: “meiguinha, carinhosa e tudo o que eu quero é fazer você feliz!”.

Como tudo o que eu queria era ser feliz, casamos 3 meses depois. Tá, eu tava carente, e quando a gente fica carente, fica burro também.
Quando a gente casa, pensa que a partir daí tudo vai ser lindo e a dois: sonhos, saídas, planos, realizações...
Bom, por um lado é verdade: ela sonha, eu compro. Saímos os dois, ela se diverte. Ela planeja viagens e a compra da casa, eu pago.
Lembrei de um dia, no supermercado. Ela enchendo o carrinho, eu empurrando. Parei perto da pipoca de microondas. Adoro pipoca de microondas. Disse:
- Querida, vamos levar pipoca?
- Tá. Escolhe aí.

Meiga.
Peguei 3 de manteiga. Ahhh...adoro pipoca com gostinho de manteiga...
- Ai, Edu!! Mas de manteiga?! A casa fica empesteada, toda fedendo! Pega outra! Pega natural que é melhor! Affff !

Aos poucos, fui voltando das minhas lembranças de nossos maravilhosos momentos a dois.

O eco continuava:
- “Você é quem sabe...aabe.....aaaaaabe!”
Resolvi tomar uma decisão:
- Querida, não vou pro futebol. A gente fica em casa e vê um filminho, tá bom?
- Um-hum – responde ela, sem desgrudar o olho da novela. – Pode ser...

Que carinhosa.
- Que filme você quer assistir?
- Você é quem sabe...