segunda-feira, 3 de novembro de 2008

- Nãããõoo...
- É.
- Sério?!
- Sério.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Cara, como assim?
- Pois é, prá vc ver.
- Gay?
- A-hã. Gay.
- Mas como....gay?
- Gay, bicha.. . ou como vc quiser chamar.
- Cara...não tou acreditando! Tem certeza de que era ele?
- Absoluta.
- Mas, péra...será que não foi só impressão?
- Impressão? Tava usando calça agarradinha roxa - que ele deve chamar de púrpura prá combinar com purpurina - camiseta regata super grudada mostrando a barriguinha, e sandália rasteirinha com strass. É o quê?
- Meu!!! Quem diria!!!
- Não é?
- Tou bege!
- Eu fiquei vermelha de ódio. Me enganou, né?
- E vc nunca percebeu? Como vc nunca percebeu?
- Ué. E vc percebeu?
- Eu não namorei com ele. Você namorou ...cara, você namorou meses! Como não notou nada?
- Porque ....sei lá porque......ele sempre foi homem, né? Parecia.... agora tá aí: é bicha.
- A cara do Mick Jaeger!
- Vai ver é por isso.
- Bem que teu pai dizia que ele não era prá você...prá você e prá mulher nenhuma, né?
- É...pai é pai. Sempre sabe...ou é praga de pai, sei lá.
- Pai tem faro...tipo cão.
- É...lembra do Carlos?
- Carlos?
- É, o Carlinhos...
- Ah, o loirinho?
- Então.....aquele foi azar desde sempre...
- Vocês tavam firmes, né?
- É...chamei ele prá almoçar em casa e tudo. Fiz a salada...perdi minha unha postiça dentro dela quando temperava. Tive que ficar procurando sem ele perceber....e ele do meu lado. Lembra que eu roía a unha até o toco?
- É mesmo!!!
- Então...a colinha amoleceu, sei lá. Caiu dentro da salada... uma vergonha. Ele dizia que minhas unhas eram lindas. Nem deu tempo de colar. Ele viu.
- Que zica...
- Não foi?
- E porque vocês terminaram? Por causa da unha?
- Pegaram ele roubando peixe na feira.
- Afe! Que pobre!
- É...manjuba.
- O que é manjuba?
- O peixe. Um peixinho. Pôs uns três no bolso. O cara da feira viu, bateu nele. Me contaram.
- Mas você, hein? Affe! Deus me livre!
- É... não sei o que acontece. Tô numa fase azarada, sei lá.
- Você escolhe mal, é isso que acontece... presta mais atenção, conhece o cara, fala com os amigos...não vai ficando assim, sem conhecer, né?
- Ai, não sei...acho que eu atraio. Tipo ímã de coisa ruim, sabe?
- Você que escolhe mal.
- Lembra do Marcelo?
- Aquele que você conheceu na balada da Vila Madalena?
- Esse mesmo.
- Que é que tem?
- A gente até tava indo bem. Mas ele só vinha me ver tipo uma vez por semana. Sempre tinha uma desculpa. Até desconfiei que fosse gay como o outro.
- E....?
- Casado. Tirava a aliança quando vinha.
- Safado!
- É.
- Como você soube?
- Fui prá uma balada em São Bernardo e ele tava lá. Com a mulher, a jabiraca. De aliança e tudo.
- Ele te viu?
- Viu, ficou branco. Acho que pensou que eu fosse dar vexame, sei lá. Fingiu de morto, que não me conhecia.
- Cachorro....
- Muito cachorro. Canalha.
- E agora? Tá com alguém?
- Não, né... tou sozinha.
- Melhor. Dá um tempo. Escolhe melhor.
- É. Mas tem um cara ali naquela mesa que não pára de me olhar. Lindo. Olhar tão doce...
- Onde?
- Naquela mesa do canto.
- Perto da janela?
- Não. Perto do espelho. De camiseta azul.
- Sentado com o cara de camiseta bege?
- Ele mesmo. Não é lindo?
- É...linda...minha vizinha... sapatão.

2 comentários:

Tatta barboza disse...

Puta merda...ahahahha... essa daí tá igual eu, com dedo podre! rs Saravá!

Luz Noturna disse...

Pois é...pior que foi real... minha melhor amiga...
:)